terça-feira, 26 de maio de 2015

Bairrismo não. Cachoeirismo!



O Espírito Santo é um estado que se orgulha de abrigar duas capitais. Uma é conhecida, fica numa ilha. A outra, com uma pompa maior, é a capital secreta do mundo.

É secreta, mas com toda a certeza você já ouviu falar da gente. Cidade lembrada desde Mc Colombiano cantando “Cachoeiro, é nós que tá a vera” nos bailes do Zumbi e Village, até aquele carinha que faz show na Globo todo fim de ano com “Meu pequeno Cachoeiro”. A Selita, cooperativa marcante que revolucionou a infancia e a juventude cachoeirense que não toma Toddynho, e sim, Selitinho. E tem mais, a única fábrica especializada em pios de ave da America Latina é de Cachoeiro. Assim como a maior empresa de transportes terrestes que este continente já teve, a Viação Itapemirim.

Onibus da Itapemirim: quase onipresente nas estradas brasileiras.

E Itapemirim, por sua vez, é nosso sobrenome, vem do rio Itapemirim que rasga a cidade dividindo-a em duas, e sempre cria discussão nas conversas de bar acerca da enchente de 2010 ter sido maior que a de 1979. Mas ainda sim, é um rio bem tratado. Cachoeiro é o único município capixaba que possui um sistema de fornecimento de água e coleta de esgoto privado. Se bem que, sou obrigado a concordar com a opinião de um nobre pipoqueiro da Praça de Fátima que diz não acreditar que a sujeira de Cachoeiro todo está passando naqueles tubinhos verdes que colocaram na beira do rio.


Enchente de 2010: água do rio foi até a Praça Jerônimo Monteiro.

Cidade bela e polêmica essa Cachoeiro. Como não se lembrar das grandes exposições no parque Carlos Caiado Barbosa, onde montavam um parque de diversões cheio de alegria e brinquedos de infraestrutura duvidosa. Cavalos, carneiros, bodes, perus, galinhas d’Angola e bois, muitos bois eram expostos no parque. E falando em boi, já imaginou se tirassem eles do pasto na zona rural e os colocassem no centro de uma cidade, sozinhos, no meio da rua, junto das pessoas? Sim, já fizeram essa experiência aqui e com direito a final polêmico, o vídeo no youtube tem quase mais views que as músicas do Roberto Carlos.

Bois se aventurando no centro de Cachoeiro.

Quem se impressiona com os bois bravos no centro é por que não conhece a torre de fazer chover que também já fez história por lá, e foi até pro Jornal Nacional.

Aposto que sua cidade nunca teve uma torre de chuva como essa.

Mas o que encanta nessa cidade de ruas apertadas é sua auto-estima e personalidade, que ajuda, a manter viva a arte local e promover a cultura cachoeirense. Fomos a primeira cidade do estado a ter uma revista de circulação mensal falando exclusivamente sobre cultura, a Cachoeiro Cult. Temos a revista da sociedade, a Se7e Dias, que sempre nos informa o que os ricos da cidade estão aprontando. A Folha do ES, que mostra a parte policial, política e econômica local e consegue causar polêmica nas três partes. A revista SportNews que mostra as notícias do Castelo FC, Atlético de Itapemirim (o CAI), o Cachoeiro FC e também o time de futebol mais querido e garfado do Espírito Santo, o Estrela do Norte Futebol Clube.

La Bombonera capixaba, o Sumaré, casa do Estrelão!


É provável que o Pico do Itabira se sinta orgulhoso de estar dentro da cidade e de ter o privilégio de acompanhar de perto histórias que só poderiam acontecer aqui. Alguns acham bairrismo exacerbado. Isso não é bairrismo, é Cachoeirismo! E resumindo o sentimento desse texto, a frase célebre de Rubem Braga, o maior cronista do Brasil: “Modéstia à parte, sou de Cachoeiro”.